Charlie McDowell já dirigiu algumas séries televisivas e também 3 longas. Dentre eles estão os filmes “Complicações do Amor” (2014) e “A Descoberta” (2017). “Sorte de Quem?” é seu terceiro longa e conta com apoio da Netflix. Aqui o diretor aposta em um drama com elementos de suspense e é um dos responsáveis pelo roteiro juntamente com Jason Segel, um dos atores da narrativa.
A história é bastante interessante: Um bilionário e sua esposa vão até a sua confortável casa de campo para descansar, mas ao chegar ao local se deparam com um ladrão e são surpreendidos por ele. Este incidente faz com que eles fiquem presos na residência até que o dinheiro exigido pelo invasor chegue em suas mãos.
De fato, essa é uma premissa que pode gerar muito suspense e conteúdo para se fazer um filme com muito impacto. É uma situação limite e bastante delicada. Infelizmente, a condução do filme não nos leva a uma obra grandiosa. Claro, há um desconforto neste contexto, pois temos dois reféns que estão, de certa forma, acuados em sua própria residência que fica completamente isolada.
Diante disso, a obra de McDowell começa a mexer com o lado mais filosófico desta condição. Há um discurso que aborda riqueza x pobreza, opressor x oprimido, oportunidade x importunidade, poder x fraqueza. Esse discurso é justo, coerente, gera argumentação, mas da forma em que é utilizado faz com que a narrativa de suspense perca sua força. E o resultado disso vocês já podem imaginar.
“Sorte de Quem?” se transforma em um pingue pongue de diálogos intermináveis e exaustivos. Basicamente não há ação, pois tudo fica muito focado nessa conversação e nesse assunto. Isso contribui para cansar o público que acaba torcendo por um final e por alguma situação que mova a narrativa para outra direção. E isso até acaba acontecendo, mas tarde demais. Nessa altura o espectador já perdeu seu interesse e se encontra sem estímulo para contemplar a conclusão.
Com tudo isso, ainda que com uma conclusão que fuja ao esperado, a narrativa se torna cansativa, monótona, sem graça e com um suspense bastante morno. O filme parece perder o seu ritmo e não consegue mais emplacar. Uma pena. O que resta agora para nós, espectadores, é aguardar o próximo filme deste diretor e torcer para que a obra seja mais interessante e, acima de tudo, mais emocionante.
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