domingo, 29 de janeiro de 2023

Selvagem


Título Original – Kút 
País de Origem – Hungria 
Diretor – Attila Gigor 
Gênero – Drama/Ação 
Duração – 95 minutos 
Ano – 2016 

Attila Gigor é um cineasta húngaro que já fez inúmeros curtas e é também responsável pela direção de “O Investigador”, longa de 2008. Em “Selvagem”, ele aposta em uma narrativa que explora o comportamento humano e traz uma boa densidade e, acima de tudo, bastante violência, tensão e alguns toques dramáticos. Tudo isso com uma linguagem e estética cinematográficas muito marcantes e peculiares.  

Trata-se de uma história simples. Um rapaz é levado por sua mãe para se encontrar com seu pai. Ambos não se veem há 30 anos. Uma van quebra. Nela há 4 prostitutas que estão a caminho da Suíça. Por 3 dias estes personagens convivem em um posto de gasolina que fica no meio do nada e, a partir disso, suas vidas irão mudar para sempre.  

O argumento, por si só, é bastante comum. E é a partir disso que Gigor consegue extrair diversos elementos e tornar a narrativa muito intrigante. Na verdade, o cenário já começa a nos introduzir na história de cada um deles. Tudo acontece em um posto de gasolina. Um lugar velho, feio, abandonado, largado, mas que em contrapartida, também serve com um abrigo. Para o bem ou para o mal, todos ali são acolhidos de alguma forma.  

Os personagens transitam e nos comunicam suas solidões, frustrações e estados de espírito. O que vemos são seres humanos em busca de algo que faça sentido em suas miseráveis vidas. E quando falamos de personagens, obrigatoriamente temos que mencionar as excelentes atuações que ali nos são mostradas. Gestuais bem executados e diálogos repletos de vigor caracterizam os tipos que habitam a obra. Tudo muito convincente.  

Há pontos dramáticos, outras situações são mais leves e beiram a comicidade, encontramos cenas demasiadamente violentas e até um pouco desconfortáveis. Há excessos? Sim e conforme a história avança nós conseguimos, de certa forma, digerir isso tudo. Confesso que há momentos em que parece estarmos vendo uma obra contendo aquele universo muito bem explorado nos filmes do nosso querido Pedro Almodóvar.  

E é curioso também observarmos que a narrativa traça um paralelo com outra história que é contada por um dos personagens. Ele ali narra um determinado caso que soa exagerado aos nossos ouvidos, mas ao final conseguimos ter a prova dos relatos com uma situação que encerra o filme de maneira bastante interessante e, de certa forma, quase até poética.  

Selvagem” é um filme pesado, mas nos traz uma mensagem que pode ter várias interpretações. No meio do caos e no fundo do poço podemos ainda encontrar resquícios de amor ou uma ponta de humanidade. Observe com atenção e poderá achar tudo isso e algo mais nesta obra que é singular e fortemente incômoda. Vale ver e absorver os elementos que ali estão presentes.  

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