Como pode uma animação de 2008 e de apenas 7 minutos transmitir tanta verdade e ser tão atual e representativa nos dias de hoje? Os diretores Santiago Bou Grasso e Patricio Plaza conseguiram essa façanha e transportaram o espectador a um universo bastante peculiar e assustador ao mesmo tempo.
“O Emprego” mostra o dia de um trabalhador desde o momento em que ele acorda até a sua chegada ao trabalho. Parece algo muito simples e bastante trivial, mas tudo isso é carregado de significados, sentimentos e emoções. Isso justamente acontece, pois cada personagem que ali aparece representa uma força de trabalho. As pessoas são, na verdade, coisificadas.
Tudo se resume ao trabalho em si, ou seja, a produção de alguma tarefa ou atividade. Os diretores conseguem expressar isso muito bem em sua concepção. Os personagens não possuem expressividade, ninguém sorri ou demonstra algum tipo de emoção e todo o visual nos é mostrado em tons pastéis, ou seja, é nítida a ausência de vida na narrativa. Todos agem de forma mecânica e robotizada. São máquinas programadas para executar suas respectivas funções. E podemos afirmar que isso, de certa forma, nos aproxima bastante da nossa sociedade e vida contemporânea.
Longe de querer dar algum spoiler, vale salientar que a conclusão da obra merece aplausos. Trata-se de um final que nos faz ainda mais pensar na questão das relações de trabalho e, muitas vezes, na exploração e falta de humanização presentes. E fica o questionamento: Para onde, de fato, estamos caminhando quanto a isso?Definitivamente é uma animação para adultos e mais ainda para aqueles que querem refletir sobre a temática.
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