Essa obra francesa traz uma mistura de drama com toques de suspense e foi feita para exibição em televisão. Jérôme Debusschère é responsável pela direção de diversas séries televisivas, mas nenhuma delas parece ter sofrido algum tipo de repercussão no Brasil. Em “Desejo Sombrio” ele explora a questão do amor não correspondido e a possibilidade de recuperar o tempo perdido através de um viés psicótico.
Esthelle é uma neurologista que volta para a França e acaba encontrando Karine, uma amiga de infância. O grande problema é que essa mesma amiga está casada com Paul, uma antiga paixão da médica. E é a partir daí que a história vai se desenrolando, pois Esthelle tem planos de vingança e quer, de qualquer forma, reconquistar o amor do passado. E para que isso aconteça, ela não irá medir esforços e chegará às últimas consequências.
O argumento até é interessante, mas o roteiro parece se perder e, principalmente, demonstra não haver muita força para sustentar a história. E isso vai sendo notado à medida que a narrativa avança. Esthelle é uma mulher aparentemente bem-sucedida, já foi casada e agora irá assumir a gestão de uma clínica na França. Tudo parece ir bem, mas isso não é bem verdade. Após 28 anos ela ainda demonstra ter algum sentimento por Paul. Aí a gente fica pensando se já não passou tempo suficiente para esse amor morrer. Parece-me que sim.
No decorrer do filme a gente descobre que há um segredo entre eles, mais isso seria ainda mais um motivo para que o desprezo de Esthelle por Paul fosse gigantesco. Mas não é isso que acontece. Daí a obra começa a cair em descrédito e a partir disso só nos resta contemplar os métodos que a protagonista usa para conseguir alcançar seus objetivos. E ela ultrapassa os limites éticos e morais para sua conquista.
Quanto aos aspectos estéticos do filme temos uma boa fotografia, em especial com alguns planos que mostram as belas paisagens campestres da França. Quanto às atuações, os atores mandam bem, mas não há nada que nos impressione. Tudo soa morno, embora a trama narrativa sugira momentos perturbadores, densos e intensos. E o roteiro caminha de forma bem linear, mas não causa impacto.
Enfim, a obra de Debusschère poderia ter tudo para ser mais marcante e surpreendente, mas não tem êxito. Falta força, falta vigor, falta dramaticidade e, acima de tudo, falta um pouco mais de emoção na história. E confesso que isso me impressionou, visto que o universo de filmes franceses, em geral, é bastante profundo. Não foi desta vez, talvez até por se tratar de um produto televisivo que pode contar com determinada moderação de violência e ação. Ficamos agora no aguardo de um próximo trabalho do diretor e torcendo para que tenha um melhor desempenho.

Nenhum comentário:
Postar um comentário