terça-feira, 28 de outubro de 2025

A Hora da Estrela

 


Título Original – A Hora da Estrela 
País de Origem – Brasil 
Diretor – Suzana Amaral 
Gênero – Drama 
Duração – 96 minutos 
Ano – 1985 

Não há como negar que estamos diante de uma narrativa clássica. “A Hora da Estrela” é uma adaptação da obra de Clarice Lispector e é um livro autobiográfico. Lançado em 1977, é o último romance da escritora. E sob a direção de Suzana Amaral, temos aqui um filme que irá fazer o público refletir e, provavelmente, chorar em diversos momentos. É certamente uma narrativa marcante dentro do universo do cinema nacional.  

A história conta a trajetória da jovem Macabéa, uma nordestina pobre, feia, magra, solitária e pouco falante. Órfã de pai e mãe, ela migra para o Rio de Janeiro para tentar a vida. E o espectador vai acompanhando o passo a passo sofrido e pouco empolgante desta mulher. Parece que nada com ela avança. Arruma um emprego como datilógrafa, se alimenta mal e tem uma rotina vazia. E tudo parece ficar ainda pior quando ela arruma um namorado. Ele não é carismático e tão pouco carinhoso e o vazio da jovem parece caminhar entre duas pessoas.  

Uma obra lançada em 1977, filmada em 1985 e, ainda em 2025, parece ser até mais atual do que na época de sua origem. Afinal de contas, quantas Macabéas nós conhecemos ao longo de nossas vidas? Com poucas chances de uma vida melhor, mais digna e mais expressiva. A diferença é que as que conhecemos são as personagens da vida real. Isso é tão ou até mais duro do que o que contemplamos na tela grande. Uma triste realidade.  

A Hora da Estrela” traz alguns momentos até engraçados, mas a narrativa avança priorizando o drama e a dureza de se vivenciar na cidade grande sem nenhum tipo de recurso ou perspectiva. Macabéa é uma estrela, mas sem vida, sem luz e sem brilho. Mas resta ainda a ela a esperança. É pequena, ínfima, absolutamente irrelevante, mas é através disso que a jovem tenta avançar e buscar um lugar ao sol.  

O sucesso da obra, além da potência narrativa, se refere também às interpretações que são impecáveis. O elenco é forte e a atuação de Marcélia Cartaxo como Macabéa é muito expressiva. Isso vai desde a caracterização até a entonação de voz mostrando toda sua timidez e falta de sentido na vida. Além disso temos a presença de Tamara Taxman, José Dumont, Umberto Magnani e Fernanda Montenegro. Perfeito! 

A obra é concluída com chave de ouro. Final lindo, triste, relevante e que vem carregado de significado e dá o brilho que a nossa estrela tanto busca. Macabéa é notada, vista e assume sua importância. E é aí que sentimos um nó na garganta. Que vida miserável é essa que as Macabéas do mundo precisam passar? Ninguém merece isso! Assistam com olhar atento e voltado ao complexo social em que estamos situados.  


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